quarta-feira, julho 08, 2009

(...)

Esse texto estava em baixo do colchão.
 


Não estava bom. Mas não sabia o que era bom. Nem haveria história se estivesse. Ele sabia que faltava alguma coisa, mas aparentemente não se importava. Era um tal de acordar atrasado, correr até o ponto da esquina e pegar a condução lotada de pessoas como ele. Sem terem muita certeza de que era daquilo que gostariam para suas vidas. O semblante entregava a interrogação de cada um. O clima de navio negreiro faz com que se deseje que o dia chegue logo ao fim. E ainda estamos falando da primeira cena. O cheiro de café e as caras de sono seriam os próximos sinais de que alguma coisa estava errada. Mas nada se fala, passa-se a régua em tudo que ficou pra trás e se perde entre papéis, números e letras. Com tantas bocas para alimentar, não há tempo para pensar no que falta, tem que se preocupar no que falta para o trabalho ser entregue no prazo. Nesse instânte o cigarro faz com que tenha tempo pra respirar. Faz sentido. Os dois ponteiros apontam para o céu. Sinal que temos uma hora para a segunda parte. A comida de hoje tem o mesmo gosto da comida de ontem que tem o mesmo gosto… de quê? Não tem tempero. A tarde promete ser ilusoriamente mais tranquila que a manhã, o que não se termina hoje se deixa para amanhã. A pressa é aparente, só tem ansiedade para abrir aquele incrível e-mail sobre o nada. Que neste cubiculo parece bem real. Horas mais tarde, no caminho de volta o corpo pesa, a preocupação muda de cenário. O que era crise mundial se transforma na compra do mês. Com o semblante mais pesado ele faz o caminho inverso. Em casa toma banho, janta, arrisca brincar com as crianças, lembra que na vida que se leva não há mais espaço para imaginar outra realidade. Pé no chão, bunda no sofá, controle na mão. Nem dá pra dizer onde a cabeça está. Se é que está. Não estando mais tão entusiasmado assim, dá um beijo na patroa e deita na cama. Falta ainda alguma coisa.


Voltando a ativa!!